Igreja do Nazareno dos Açores

COMO AVALIAR UMA IGREJA? 

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     Fascina-me as catedrais europeias. Sempre que o horário de viagens mo permite, visito essas obras primas da expressão religiosa e da engenharia humana. Também em terras não cristãs gosto de deambular por santuários de outros credos, quer estejam no japão, na Tailândia ou outras paragens remotas.Guias turísticos repetem ao visitante números que exaltam a data em que foram levantados esses templos, os anos - por vezes séculos - exigidos pela construção, os materiais preciosos usados no processo, o custo proibitivo que hoje representaria a sua substituição. Apontam memsmo que muitos desses edificios já não podem ser segurados, pelo seu valor incalculável e, também, pelo desaparecimento da mão-de-obra especializada que os trouxe à luz: deste mestres de rendilhado da pedra a pintores que imortalizaram estas obras com murais e frescos hoje considerados património universal.         
    
     Como medir uma Igreja, auferir seu valor na comunidade e na vida pessoal? Algo fica severamente omisso se nos limitarmos à estrutura, à superficie quadrada e ao valor monetário ligado a santuários. O certo é que, se o volume e a opulência dos monumentos falam da devoção e do engenho dos que os erigiram, de forma alguma garantem exclusividade da presença de Deus nesses recintos aparatosos. Muitos de nós temos adorado em capelas de colmo, à sombra de àrvores, sob o céu nú de terras pobres ou vitimadas por guerras e cataclismos. Faltando embora aqui estruturas requintadas e objectos de culto lavrados em metais preciosos, esculturas e pinturas famosas, o inegável é que o Espirito de Deus se acha presente nestes espaços singelos.         
 
     Infelizmente, a bitola popular mais usada na avaliação de templos será esta: sua grandeza material - como se grande, alto, requintado e antigo fossem sinónimos de autenticidade espiritual. Um episódio curioso no livro de Apocalipse é a entrega de uma vara ou instrumento de medida ao apóstolo João, seguida desta ordem lançada por um anjo: levanta-te e mede o Templo de Deus, e o altar e os que nele adoram (Apocalipse 11.1).        
Duas novas dimensões são aqui introduzidas na avaliação do espaço sagrado: o altar e os adoradores. O primeiro elemento, o templo - a estrutura fisica e facilmente redutivel e estatística, tem de ser complementado com algo que não só altera a silhueta duma comunidade, mas afeta a vida e o comportamento de seus habitantes.         
 
     Que vem a ser o altar? è o ponto crucial do templo, lugar onde fica identificada a personagem central do culto ali celebrado. Para algumas denominações religiosas, o altar é depositário de relíquias, vestígios de santos e mártires.. Em Madrasta, cidade da India, uma religiosa levou-me a ver, na famosa basílica, ossinhos de mão atribuída a Tomé, um dos discipuos de Jesus.         
Para nós, o altar é Cristo. Os templos Nazarenos estão despidos de imagens, não porque negamos a autenticidade da experiência e da consagração de homens e mulheres que viveram santamente. É que escolhemos dar ênfase à centralidade de Cristo em tudo que somos, cremos e esperamos alcançar. seu próprio dito, Edificarei a minha Igreja (Mateus 16.18), acautela-nos contra a intromissão no recinto sagrado de objectos e pessoas que possam competir por atenção, mesmo que tais homens e mulheres tenham tido vidas de santidade exemplar.        

      Cristo é o Cabeça, e Essência da Igreja. À semelhança de mães do passado que levavam seus filhos para que o Senhor os abençoasse...  Jesus continua sendo o centro da nossa atenção a quem levamos alegrias e tristezas, ganhos e perdas, certezas e ansiedades, tudo que importa e que tem valor para nós. Principalmente, a Cristo levamos nossos pecados, para os quais Ele é a única cura. 
        
     Na Igreja do Senhor, o altar é um ponto de crise, um posto de emergência, umm marco de reafirmação, onde a pessoa atribulada ou mesmo condenada à morte eterna se accolhe para restauração total. É o lugar de encontro com a graça de Deus estendida a cada um de nós para reconciliação com Ele e irmanação  ao próximo. Junto do altar do Senhor deixamos de ser número numa congragação anónima, para nos tornarmos individuos a quem Deus fala e acolhe pessoalmente. A alma, aninhada, irrompe em louvor. No altar, mesmo de olhos fechados, ganhamos uma visão do Criador que mármore ou pedra alguma será capaz de transmitir, por mais preciosa que seja. Quando num templo Evangélico se convida alguém ao altar, procura-se simplesmente levar essa pessoa à lembrança de que só há UM perante Quem nos ajoelhamos, só há UM que deve ouvir a confissão dos nossos pecados, só há UM com poder suficiente para nos absolver e estreitar nos Seus braços redentores. Cristo é nosso altar.        
  
     Os adoradores são resultado da experiência tida no altar de Cristo. Para as Escrituras Sagradas, eles são "uma nuvem de testemunhas", multidão heterogénea vinda dos quatro cantos do mundo ( Hebreus 12.13; apocalipse 7.9) Espelham os adoradores a inclusividade da obra de Cristo. Aqui não conta a raça, a nacionalidade, os recursos, a idade, o sexo ou a craveira social. Há espaço para mim e para voçê. Todos n´so somos bem-vindos! Há cura para todos nós; há solução para cada um  dos nossos problemas; há resposta a cada pergunta e anseio nosso. Deixam de contar paredes e tetos, porque no plano de Deus há espaço para cada um de nós, um templo de misericórdia com o tamanho do mundo.     
  
      Os adoradores são prova ambulante de que os resultados colhidos no altar se evidenciam de forma prática na vida diária, em todas as suas facetas: lar, familia, trabalho, relacionamento, lazer, circunstâncias, crises e passagens. O altar ancora a nossa esperança e define a relevância da Igreja de Jesus Cristo. Mais que um rótulo a identificar nossa filiação religiosa, desejamos um coração purificado no altar de Crsito e umm lugar entre os adoradores, pessoas que se irmanam a nós na mesma fé, no mesmo Espírito e na mesma esperança.        

     Seja bem-vindo ao nosso espaço! Sinta-se em casa. Sua presença aumenta nossa alegria.                                   

      Dr. Jorge de Barros